terça-feira, 25 de julho de 2017

Anti-inflamatórios Não Esteroidais: Fatores de risco relacionados com complicações do trato gastrointestinal superior.


Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são medicamentos bastante utilizados pela população devido aos seus efeitos analgésico, antipirético e anti-inflamatório. Os AINEs são inibidores não seletivos da enzima ciclo-oxigenase que, por sua vez, exerce importantes funções em vários tecidos: endotélio vascular, estômago, rins e intestino. A inibição da COX-1, isoforma constitutiva, está associada a muitos efeitos gastrointestinais, incluindo, úlcera péptica, sangramento gastrointestinal, anemia e aumento da permeabilidade intestinal. É extremamente importante conhecer quais fatores de risco estão relacionados com complicações gastrointestinais em pacientes que fazem uso de AINEs. 

- Idade ≥ 65 anos (especialmente ≥ 70 anos)
- História de úlcera péptica
- Uso de dois ou mais AINEs simultaneamente
- Terapêutica concomitante com agentes antiplaquetários, anticoagulantes, corticosteróides e inibidores seletivos da recaptação da serotonina
- Doença severa
- Uso de álcool e tabaco
- Infecção por Helicobacter pylori

Os fatores de risco do trato gastrointestinal superior mais relevantes são história prévia de úlcera péptica, idade avançada e uso concomitante de aspirina em baixa dose (< 325 mg).

Mas, quais AINEs possuem menores riscos de efeitos adversos do trato gastrointestinal superior?

De acordo com uma Revisão Sistemática e Meta-Análise de Estudos Observacionais (Projeto SOS) há diferenças entre os AINEs no risco de desenvolvimento de complicações do trato gastrointestinal superior:

- RR de complicações GI < 2: aceclofenaco, ibuprofeno e celecoxibe
- RR das complicações GI entre 2 e 4: rofecoxibe, meloxicam, nimesulida, sulindaco, diclofenaco e cetoprofeno
- RR das complicações GI entre 4 e 5: tenoxicam, naproxeno, diflunisal e indometacina
- RR de complicações GI > 5: piroxicam, azapropazona e cetorolaco

Estes resultados permitem concluir que o Risco Relativo (RR) de eventos do trato gastrointestinal superior clinicamente significativos é menor para os usuários de aceclofenaco, ibuprofeno e celecoxibe (inibidor seletivo de COX-2) do que para os pacientes que utilizam outros anti-inflamatórios.Os autores reforçam que estas diferenças podem ser atribuídas, em parte, à dose e às formulações disponíveis no mercado.