terça-feira, 15 de agosto de 2017

Efeito da mudança de antidepressivo versus aumento da remissão em Pacientes com Transtorno Depressivo Maior que não respondem ao tratamento antidepressivo

Menos de um terço dos pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM) conseguem remissão com sua primeira terapia antidepressiva. Estudo mostra que a adição do antipsicótico Aripiprazol à terapia antidepressiva para pacientes com TDM é mais efetiva do que a substituição por outro antidepressivo.



Um ensaio clínico randomizado foi conduzido com 1522 pacientes majoritariamente do sexo masculino com TDM resistente ao tratamento convencional. Para este grupo foi proposto uma terapia com outro antidepressivo (Bupropiona), a adição de Bupropiona ou Aripiprazol ao tratamento padrão. Após 3 meses, foi observado que 28,9% dos pacientes no grupo em que foi adicionado o Aripiprazol obtiveram uma remissão dos sintomas em comparação com 22,3% daqueles em que o tratamento antidepressivo foi substituído por Bupropiona. A ansiedade foi o efeito adverso mais frequente no grupo de pacientes que utilizaram Bupropiona e o aumento de peso foi mais frequente no grupo que utilizou o Aripiprazol.

Apesar dos resultados aumentarem as chances de remissão e resposta em TDM, pesquisas adicionais são necessárias para avaliar o impacto das relações de custo e benefício. 

terça-feira, 25 de julho de 2017

Anti-inflamatórios Não Esteroidais: Fatores de risco relacionados com complicações do trato gastrointestinal superior.


Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são medicamentos bastante utilizados pela população devido aos seus efeitos analgésico, antipirético e anti-inflamatório. Os AINEs são inibidores não seletivos da enzima ciclo-oxigenase que, por sua vez, exerce importantes funções em vários tecidos: endotélio vascular, estômago, rins e intestino. A inibição da COX-1, isoforma constitutiva, está associada a muitos efeitos gastrointestinais, incluindo, úlcera péptica, sangramento gastrointestinal, anemia e aumento da permeabilidade intestinal. É extremamente importante conhecer quais fatores de risco estão relacionados com complicações gastrointestinais em pacientes que fazem uso de AINEs. 

- Idade ≥ 65 anos (especialmente ≥ 70 anos)
- História de úlcera péptica
- Uso de dois ou mais AINEs simultaneamente
- Terapêutica concomitante com agentes antiplaquetários, anticoagulantes, corticosteróides e inibidores seletivos da recaptação da serotonina
- Doença severa
- Uso de álcool e tabaco
- Infecção por Helicobacter pylori

Os fatores de risco do trato gastrointestinal superior mais relevantes são história prévia de úlcera péptica, idade avançada e uso concomitante de aspirina em baixa dose (< 325 mg).

Mas, quais AINEs possuem menores riscos de efeitos adversos do trato gastrointestinal superior?

De acordo com uma Revisão Sistemática e Meta-Análise de Estudos Observacionais (Projeto SOS) há diferenças entre os AINEs no risco de desenvolvimento de complicações do trato gastrointestinal superior:

- RR de complicações GI < 2: aceclofenaco, ibuprofeno e celecoxibe
- RR das complicações GI entre 2 e 4: rofecoxibe, meloxicam, nimesulida, sulindaco, diclofenaco e cetoprofeno
- RR das complicações GI entre 4 e 5: tenoxicam, naproxeno, diflunisal e indometacina
- RR de complicações GI > 5: piroxicam, azapropazona e cetorolaco

Estes resultados permitem concluir que o Risco Relativo (RR) de eventos do trato gastrointestinal superior clinicamente significativos é menor para os usuários de aceclofenaco, ibuprofeno e celecoxibe (inibidor seletivo de COX-2) do que para os pacientes que utilizam outros anti-inflamatórios.Os autores reforçam que estas diferenças podem ser atribuídas, em parte, à dose e às formulações disponíveis no mercado.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Tenho Caspa ou Dermatite Seborreica?

Essa pode ser uma pergunta comum para algumas pessoas, sobretudo aquelas que possuem problemas de coceira e descamação no couro cabeludo. Mas então, qual a diferença entre a caspa e dermatite seborreica?


A relação entre caspa e dermatite seborreica tem dividido opiniões entre os cientistas, porém a maioria dos pesquisadores considera a dermatite seborreica do couro cabeludo como caspa grave, enquanto outros entendem que o termo caspa deve ser usado para descrever qualquer descamação do couro cabeludo. A caspa é uma condição de menor gravidade caracterizada pela descamação de pequenos flocos brancos de pele morta do couro cabeludo acompanhada ou não de coceira. Por outro lado, na dermatite seborreica, os flocos aparecem com uma cor amarelada, aspecto gorduroso e vêm acompanhados de alterações inflamatórias, podendo aparecer em outras regiões, particularmente nas dobras nasolabiais, orelhas, sobrancelhas e tórax. Portanto, a principal diferença entre caspa e dermatite seborreica é que nesta última ocorre vermelhidão visível (eritema) e a presença de flocos de pele morta no couro cabeludo e nas regiões acima citadas. 


Schwartz, J. R.; DeAngelis, Y. M.; Dawson, T. L. Dandruff and Seborrheic Dermatitis: A Head Scratcher. Chapter 12. 2012.

sábado, 13 de maio de 2017

Uso off-label de antidepressivos

Em um estudo realizado por Wong et al. foi verificado que mais de 40% das prescrições off-label de antidepressivos não possuem forte evidência para a indicação, o que aumenta a possibilidade de efeitos adversos destes fármacos. Os resultados demonstram que os antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, nortriptilina) apresentaram maior prevalência de indicações off label (81,4%, IC=95%, 77,3% a 85,5%). A trazodona prescrita para insônia foi o uso off-label mais comum para antidepressivos, representando 26,2% (21,9% a 30,4%) de todas as prescrições. Alguns prescritores não tem conhecimento embasado sobre o uso off-label destes medicamentos e, mesmo assim, os prescrevem. Embora sejam medicamentos da mesma classe, apenas o escitalopram e a paroxetina são licenciados para o transtorno de ansiedade generalizada.

Wong J, Motulsky A, Abrahamowicz M et al. Off-label indications for antidepressants in primary care: descriptive study of prescriptions from an indication based electronic prescribing system. BMJ 2017;356:j603 doi: 10.1136/bmj.j603